quinta-feira, 16 de junho de 2016

Os Jardins atualmente

"Entre 2006 e 2007, o Jardim Botânico assistiu à renovação das redes de caminhos, rega, drenagem e electricidade e outros melhoramentos paisagísticos. Contudo, na sua parte sul, o jardim continua a sofrer do ruído automóvel proveniente da Via de Cintura Interna, estando prevista a construção de sistemas para a sua minimização. A reabilitação das estufas do jardim e a qualificação da sua colecção de plantas são outras das prioridades fundamentais para o desenvolvimento e preservação deste jardim aberto à fruição de toda a comunidade.
O Jardim Botânico compreende actualmente:
- o jardim histórico – para cuja monumentalidade muito contribuíram os Andresen e, depois da instalação do Jardim Botânico, o arquitecto paisagista alemão Karl Franz Koepp e o engenheiro silvicultor Renato Dantas Barreto -, composto por três áreas distintas separadas por grandes sebes de japoneiras;

- áreas de lagos, com plantas aquáticas;

- área de parque, com uma importante colecção de gimnospérmicas e exemplares de faias, carvalhos, tulipeiros, magnólias, etc.; 

- um jardim de suculentas; 
- uma zona de estufas com plantas tropicais, subtropicais, orquídeas e suculentas. "

(Texto retirado de Portal do Jardim)

domingo, 12 de junho de 2016

História da Casa Andresen

«Em 1802, o francês Jean Pierre Salabert, fabricante de "chapéus finos", comprou a Quinta Grande, outrora pertencente à Ordem de Cristo, que passou a ser conhecida como "Quinta Grande do Salabert". Pouco tempo mais tarde, a Quinta foi confiscada pelo Estado ao seu proprietário, na sequência das Invasões Francesas. Por altura da Revolução Liberal de 1820, já era propriedade de João José da Costa.
Em 1875, a propriedade foi adquirida por João Silva Monteiro, "brasileiro de torna viagem", que ordenou a demolição da antiga habitação e a construção de um palacete na então denominada Quinta do Campo Alegre.
Vinte anos depois, a Quinta passou para a posse de João Henrique Andresen Júnior e de sua mulher, Joana Andresen, que concluíram o projeto de renovação da casa e dos jardins. João Andresen era filho do homónimo industrial e comerciante de vinho do Porto e foi avô dos escritores Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) e Ruben A. (1920-1975).
A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto debateu-se com falta de espaço para as atividades lectivas e de investigação logo nas primeiras décadas de funcionamento. Em reunião do Senado Universitário de 9 de Agosto de 1937, Américo Pires de Lima, vogal e diretor da FCUP, fez aprovar por unanimidade a seguinte proposta: expor ao Governo a necessidade de aquisição da quinta que pertencera a Joana e Henrique Andresen, para nela instalar o Jardim Botânico, o Observatório Astronómico e um campo de jogos. Logo no mês seguinte, a U.Porto enviou ao Ministro da Educação Nacional o pedido dos "seus bons ofícios para a aquisição da Quinta Grande de "Salabert", na Rua do Campo Alegre, n.ºs 757 a 771, a qual se destinaria a Jardim Botânico e à instalação de Museus, de campos de jogos e de cultura física da mocidade universitária". No final do ano, o Reitor informou os membros do Senado de que a compra da Quinta de Salabert tinha sido aprovada pelo Governo.
Porém, apesar das pretensões da Faculdade de Ciências, a compra da quinta permanecia por efetuar em 1943. Por esta altura, o Diretor da Faculdade, em ofício dirigido ao Reitor, exprime a sua mágoa perante o abandono a que o terreno e a moradia tinham sido votados: "O parque, jardins e estufas estão em risco de deterioração por falta de cuidados apropriados".
Entretanto, o Ministério da Educação Nacional teve conhecimento de que parte da Quinta do Campo Alegre iria ser expropriada para garantir a construção de acessos à Ponte da Arrábida. Razão pela qual o Ministério das Obras Públicas e das Comunicações achava não ser conveniente a compra da propriedade pela Universidade do Porto. Mas o Ministério da Educação Nacional não abandonava o seu interesse pela Quinta: "Este Ministério (…) reconheceu a necessidade de se dotar a Universidade do Porto de instalações que não possui; e reconheceu também que o local mais adequado para preencher aquelas necessidades era a Quinta do Campo Alegre. (…) O plano de urbanização há-de ser fixado de harmonia com o interesse público; o fim para que se pede a aquisição é também do interesse público. Na hierarquia destes dois interesses, qual deve ficar em primeiro lugar?"
Para além dos argumentos expostos pela Faculdade de Ciências, havia outros que jogavam a favor da compra da quinta que pertencera aos Andresen: "Socialmente, grande parte dos estudantes da Faculdade de Ciências (…) fora das aulas, vivem abandonados de toda a assistência universitária. Não falo já da tão útil e necessária residência de estudantes (…). Mas ao menos, a tão necessária educação física da mocidade universitária deve merecer o maior cuidado."
Em 1944, já é ao Presidente da Câmara Municipal do Porto que o Reitor, António José Adriano Rodrigues, expõe pormenorizadamente as vantagens decorrentes da compra da Quinta do Campo Alegre.
Finalmente, em 1949, a propriedade foi adquirida pelo Estado e no dia 7 de Janeiro do ano seguinte, a Direção-Geral da Fazenda Pública comunicou ao Reitor da U.Porto a autorização da cessão, a título precário, por parte do Ministério das Finanças, "da propriedade urbana e rústica (…) conhecida pela designação de "Quinta do Campo Alegre", para ser aplicada a diversos fins de interesse dos serviços [da Universidade] que, entretanto, se responsabilizará pela sua guarda e conservação". O Auto de Cessão foi lavrado na Direção de Finanças do Distrito do Porto.
Para a antiga Casa Andresen foram transferidos os herbários, a biblioteca e os gabinetes do naturalista e auxiliares, para além do gabinete do Inspetor do Jardim. A reparação do exterior da moradia ficou a cargo da Direção dos Edifícios Nacionais que, entre outras intervenções, recuperou os telhados. O interior do palacete, exposto às intempéries durante uma série de anos, foi também objecto de obras de recuperação de grande envergadura.
A Quinta albergava um conjunto de construções residenciais e funcionais, como a casa do antigo proprietário, de 4 sobrados (cave, rés-do-chão, 1.º piso e águas-furtadas), as casas do caseiro e do motorista, court de ténis, estufas, garagem, armazéns, eiras e cortes e, ainda, um jardim de recreio, terrenos agrícolas e mata.
Em 2008, o Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências foi transferido para novas instalações, de igual modo no Pólo 3 da Universidade, e a casa, depois de desocupada, começou a ser remodelada pelo arquitecto Nuno Valentim para acolher a exposição "A Evolução de Darwin", um evento cultural integrado nas Comemorações do I Centenário da U.Porto (2011).
Numa fase inicial, as obras centraram-se no restauro e conservação da habitação, embora também tenham contemplado a introdução de novos espaços, como um elevador panorâmico e uma casa de chá e sushi, prevendo-se que fiquem concluídas com a construção da Galeria da Biodiversidade.»

Retirado do site da Universidade do Porto

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Inspiração dos jardins

"Era uma vez um jardim maravilhoso, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos.
Havia nele roseirais, jardins de buxo e pomares. E ruas muito compridas, entre muros de camélias talhadas.
E havia nele uma estufa cheia de avencas onde cresciam plantas extraordinárias que tinham, atada ao pé, uma placa de metal onde o seu nome estava escrito em latim.
E havia um grande parque com plátanos altíssimos, lagos, grutas e morangos selvagens. E havia um campo com trigo e papoilas, e um pinhal onde entre mimosas e pinheiros cresciam urzes e fetos.
Ora num dos jardins de buxo havia um canteiro com gladíolos.
Os gladíolos são flores muito mundanas. E aqueles gladíolos achavam que o lugar mais chique do jardim era esse jardim de buxo onde eles moravam.
… os gladíolos gostavam muito de ser gladíolos e achavam-se superiores a quase todas as outras flores.
Diziam eles que as rosas eram flores sentimentais e fora de moda e que os cravos cheiravam a dentista. Tinham grande desprezo pelas papoilas e pelos girassóis, que são plantas selvagens. E das flores da urze e das flores de tojo do pinhal diziam que nem eram flores.
Os gladíolos admiravam secretamente as camélias, mas não tinham muita consideração por elas: achavam que elas eram esquisitas e irritantes. As camélias são muito diferentes dos gladíolos: são vagas, sonhadoras, distantes e pouco mundanas. Estão sempre semiescondidas entre as suas folhas duras e polidas. Mas os gladíolos admiravam as camélias por elas não terem perfume, pois, entre as flores, não ter perfume é uma grande originalidade.
Mas as flores que os gladíolos amavam realmente, as flores por quem os gladíolos tinham uma admiração sem limites, eram as tulipas. Com as tulipas os gladíolos chegavam a ser subservientes e punham de parte a sua vaidade.
E o único desgosto da vida dos gladíolos era não serem tulipas. Porque as tulipas são caras, raras e muito bem vestidas. O seu feitio é simples, exacto e claro. As suas cores são ricas e sumptuosas. As suas pétalas são as pétalas mais bem cortadas e mais bem armadas que há no jardim.
Mas havia uma flor que os gladíolos detestavam. Era a flor de muguet.
O muguet é uma flor escondida. É uma flor pequenina e branca e tem um perfume mais maravilhoso e mais belo do que o perfume dos nardos.
Durante o Inverno ela dorme na terra debaixo das folhas secas e desfeitas das árvores. Dorme como se tivesse morrido. Mas na Primavera as suas longas folhas verdes furam a terra e crescem durante alguns dias até terem um palmo de altura. Então muito devagar as folhas vão-se abrindo e mostram à luz maravilhada as campânulas aéreas, brancas e bailarinas da flor do muguet. E o vento da tarde toma em si o perfume do muguet, leva-o consigo, e espalha-o no jardim todo.
Então tudo no jardim estremece e as grandes tílias e os velhos carvalhos e as flores recém-nascidas e as relvas e as borboletas dizem:
- É Primavera! É Primavera!
Só os gladíolos não gostam e dizem:
- Que flor tão exibicionista! Finge que se quer esconder, finge que é simples e humilde, finge que não quer que a vejam, mas depois transforma-se em perfume e espalha-se no jardim todo!
E à noite, quando vão à estufa visitar as begónias e as orquídeas, os gladíolos fecham a porta para não sentirem o perfume da flor do muguet.”

(Excerto de “O rapaz de bronze” de Sophia de Mello Breyner Andresen)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Jardim Botânico do Porto: uma vista sobre os jardins


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Portugal Tourism - Porto and the North

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Jardim na comunidade científica

       “Durante muitas décadas, a Casa Andresen foi a sede do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências, que continuou a promover o acréscimo das espécies botânicas do jardim, cuja diversidade se pode verificar nesta página. Aos estudantes de biologia vegetal, juntaram-se posteriormente os de arquitetura paisagista até à construção de instalações modernas em edifícios vizinhos.
         A vocação do Jardim Botânico do Porto, de apoio ao trabalho científico, por um lado, e de divulgação do conhecimento, de sensibilização ambiental e fruição estética, por outro, foi acentuando estes últimos aspetos de ligação à comunidade, potenciados pela renovação das infraestruturas do jardim. Esta extensa obra, sob orientação de Teresa Andresen (atual diretora do Jardim) e projeto de execução da autoria de Manuel Ferreira, permitiu uma maior adequação a espaço público, visitável de forma livre ou guiada.”




(Texto retirado e adaptado do site oficial do Jardim Botânico)

O Jardim Botânico do Porto

      “Com mais de 4 hectares, o Jardim Botânico apresenta espaços muito diversificados, dominados pela elegante forma da Casa Andresen, cujo nome evoca importantes vultos da literatura portuguesa do século XX: Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruben A.
       Apesar de limitado no seu espaço, a beleza do Jardim Botânico do Porto não deixa o visitante indiferente. O jardim romântico – que mantém o traçado delineado nos finais do século XIX – envolve a Casa Andresen, estendendo-se desde os frondosos espaços fronteiros que protegem a propriedade do movimento automóvel da Rua do Campo Alegre até às altas sebes de japoneiras, a sul, que escondem no seu interior três delicados jardins, um dos quais perpetua no entrelaçado do buxo as iniciais dos seus antigos proprietários, Joana e João Andresen, avós de Sophia e Ruben A.: o Jardim dos Jota.
       A transformação em 1952 da Quinta do Campo Alegre em Instituto de Botânica Dr. Gonçalo Sampaio: Laboratório e Jardim Botânico – liderada pelo multifacetado professor Américo Pires de Lima (médico, antropólogo, botânico, explorador…) – proporcionou, para além do grande enriquecimento em espécies botânicas, a criação de espaços ajardinados modernos durante as décadas de 50 e 60, entre os quais se destaca o belo Jardim do Xisto, da autoria de Franz Koepp, com as suas plantas aquáticas. Mas muitos outros espaços foram implantados nesta época: nos antigos terrenos de cultivo da parte baixa da quinta desenvolveu-se a área de bosque, criou-se o lago grande e, a poente, surgiram as novas estufas e o viveiro.
        O Jardim Botânico do Porto está aberto, nos dias úteis, das 9h às 18h e aos fins-de-semana, das 10h às 18h, sendo a entrada livre. A Universidade do Porto mantém um programa de visitas guiadas pagas – para grupos escolares ou outros grupos organizados –, enquadrando os aspetos históricos, botânicos e literários do mais belo espaço universitário do Porto.”




(Texto retirado e adaptado do site oficial do Jardim Botânico do Porto)